IA na Gastronomia: Como a Tecnologia Está Impactando o Setor
- congressoraizes
- 6 de mai.
- 3 min de leitura
Por Júlia Xavier
A tecnologia já integra as cozinhas profissionais há décadas, mas, nos últimos anos, ganhou um novo papel. Equipamentos como fornos combinados e termocirculadores tornaram-se essenciais em cozinhas do mundo inteiro. Ao controlar com precisão tempo e temperatura, esses dispositivos ajudam a preservar sabores, melhorar texturas e garantir uniformidade nos pratos — fatores que, segundo artigo da Engefood sobre o conceito de cozinha 4.0, elevam o padrão da gastronomia em diferentes tipos de estabelecimentos.
Agora, a chegada da Inteligência Artificial (IA) sinaliza uma transformação ainda mais profunda. Embora em estágio inicial, a IA já mostra capacidade de aprimorar operações, reduzir falhas e expandir a criatividade em cozinhas de alta gastronomia e redes de fast food (Canaltech ;Plastici ).
Essa evolução também está refletida nos próprios equipamentos: os fornos, por exemplo, não ficam para trás. A aceitação dos chamados fornos inteligentes, que aprendem com o uso diário e ajustam automaticamente tempo, temperatura e modos de preparo, vem crescendo rapidamente. Marcas têm investido em modelos que se adaptam ao estilo de cada cozinha, prometendo mais eficiência e precisão nas receitas (CDO Times ; Foodservice Equipment Journal).
Na Europa, a IA já é parte do cotidiano de restaurantes, como por exemplo o Azurmendi, no País Basco, onde o chef Eneko Atxa utiliza a tecnologia para refinar a apresentação dos pratos e testar novas ideias. Em entrevista ao El País, ele explicou: “Minhas equipes usam [a IA] para mil detalhes: encontrar ideias ou refinar a estética dos pratos.” É uma ferramenta auxiliar em crescimento. Mas acreditar que ela pode substituir um chef criativo, por enquanto, é ridículo ( El País).

Já na Coreia do Sul, pesquisadores da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), em colaboração com a empresa Woowa Brothers, desenvolveram o sistema YORI (Yummy Operations Robot Initiative). Este robô autônomo é capaz de realizar tarefas culinárias complexas com alta precisão. Projetado para automatizar processos na cozinha, o YORI oferece uma solução eficiente para a preparação de alimentos em um ambiente modular, conforme descrito na publicação do arXiv.

O impacto da IA também se estende à gestão. De acordo com um artigo da Loman AI, a empresa implementou um sistema de controle de estoques em mais de 300 unidades da rede Fran Global. Em oito meses, a solução reduziu os custos com compras em 11%, o desperdício em 35% e gerou uma economia anual de aproximadamente US$1,98 milhão. Outro exemplo, é a Domino 's Pizza, que utiliza algoritmos para prever a demanda e ajustar, em tempo real, a produção e a distribuição de ingredientes — o que aumentou em 72% a precisão de suas previsões e melhorou a experiência do cliente ( Microsoft News).
Além disso, ferramentas como Slang.ai e Presto Voice automatizam pedidos e reservas, enquanto plataformas como a XtraCHEF monitoram estoques em tempo real, otimizando negociações com fornecedores ( XtraCHEF).
No Brasil, a adesão também cresce. Segundo pesquisa da Abrasel, 28% dos bares e restaurantes já utilizam IA em alguma etapa da operação, e 17% empregam a tecnologia para reformular cardápios, definir preços e desenvolver receitas (Abrasel). Na hotelaria, conforme o site Brasilturis, a Iberostar Hotels & Resorts adotou a IA da Winnow em 48 de seus mais de 100 hotéis. Em seis meses, a iniciativa reduziu em 28% o desperdício de alimentos e economizou o equivalente a 1,5 milhão de refeições — com meta de 5,3 milhões até o fim deste ano. A medida também evitou a emissão de 2.500 toneladas de CO 2.
No campo criativo, surgem soluções como o RecipeGPT, que sugere combinações de ingredientes com base em dados históricos e tendências de consumo. Já o Chef GPT oferece receitas personalizadas, considerando ingredientes disponíveis e restrições alimentares.

Embora essas ferramentas ampliem o potencial criativo, muitos profissionais resistem à ideia de que máquinas possam replicar a intuição humana. Segundo a Food Connection, a IA não substitui a criatividade, mas acelera a geração de ideias e a prototipagem de novos produtos ao identificar padrões de consumo em grandes volumes de dados (Food Connection).
Apesar dos avanços, a adoção da IA também impõe desafios. A automação pode eliminar funções operacionais, afetando principalmente trabalhadores com menor qualificação. Pequenos restaurantes, por sua vez, enfrentam dificuldades para investir em soluções tecnológicas sofisticadas. Além disso, como destacado por especialistas, questões como privacidade, uso ético de dados e dependência tecnológica exigem regulamentação e práticas responsáveis para garantir a sustentabilidade do setor, uma preocupação crescente no futuro da gastronomia, conforme apontado por The Verge, e Wired.
Ainda assim, mesmo diante de obstáculos, o avanço tecnológico parece irreversível. A IA está se consolidando como uma aliada estratégica nas cozinhas, aprimorando processos e permitindo que os chefs se concentrem naquilo que fazem de melhor: criar experiências gastronômicas memoráveis — agora, com uma ajudinha digital.
A Júlia mandou muito bem nesse texto. Explicar como a IA está entrando na gastronomia sem cair naquele papo de sempre e exagerado de "as máquinas vão dominar tudo". Mostrou o que já está rolando, trouxe exemplos interessantes e ainda levantou os desafios, tudo de um jeito claro e sem perder o ritmo. Dá gosto de ler algo tão bem feito, informativo e pé no chão assim.
Como nutricionista de controle de qualidade e atuando diretamente com serviços de alimentação, vejo na prática como a inteligência artificial tem transformado nossa rotina — especialmente na busca por mais eficiência e inovação. Parabéns pela matéria!
Excelente ✨✨✨✨✨✨✨
Demais! Parabéns pela excelente escrita 🫶❤️