Algas : Um Mar de Possibilidades
- congressoraizes
- 27 de mai.
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Por Júlia Xavier
As algas marinhas têm atravessado fronteiras, saindo das tradicionais cozinhas japonesas para ocupar novos espaços na gastronomia global. Da Bretanha Francesa a Nova York, passando pelo Chile e Copenhagen, elas são agora ingredientes centrais em criações de restaurantes estrelados, como o Smithereens, o The Alchemist e o Le Coquillage - onde o Chef Hugo Roellinger assina um menu inspirado tanto no mar quanto no jardim.

Fora das cozinhas premiadas, esses vegetais aquáticos também conquistaram as prateleiras dos supermercados internacionais, aparecendo em versões inovadoras, como bebidas funcionais, snacks e até balas de goma (National Geographic, 2025). Símbolo de uma culinária cada vez mais consciente, as algas unem saúde e sustentabilidade, como resume o Chef Stephen, do ICE Culinary Institute (2025): “Elas dão sabor a tudo”.

De acordo com reportagens recentes da National Geographic (2025) e do relatório anual de tendências da Whole Foods Market (2025) , as algas são apontadas como um dos alimentos mais promissores do ano. Variedades como wakame, kombu e Spirulina têm conquistado consumidores e ultrapassado fronteiras culturais. O mercado global de algas marinhas movimentou mais de US$ 7 bilhões em 2023 e deve crescer a uma taxa anual superior a 8%, alcançando US$ 16,1 bilhões até 2033, segundo a Allied Market Research (via Globe Newswire, 2024).

Essa tendência conecta-se a movimentos maiores da alimentação atual, como a cozinha regenerativa e o consumo consciente. Além de seu apelo nutricional, as algas destacam-se pelo baixíssimo impacto ambiental: não exigem terra, irrigação doce nem fertilizantes (Food Connection,2024).
Ricas em minerais e nutrientes essenciais, como Ômega 3, potássio, ferro, fibras e antioxidantes, as algas ajudam a regular o colesterol e os níveis de açúcar no sangue, além de promoverem a saúde intestinal. Espécies como musgo do mar e lentilha d’água estão sendo exploradas como alternativas à proteína convencional, embora a sua viabilidade em larga escala seja limitada, pois a quantidade necessária para alcançar níveis significativos de proteína seria impraticável para o consumo diário (Harvard T.H. Chan School of Public Health,2025; Plant Based News, 2025). Mesmo assim, seu apelo no mercado alimentar continua crescente, com especialistas recomendando seu uso equilibrado para potencializar a dieta.
No Brasil, o movimento também está ganhando força. Em Santa Catarina, a produção de macroalgas cresceu 150% na safra de 2023/2024, impulsionada pela procura por biofertilizantes e novos usos da biomassa. Além disso, projetos que conectam ciência, pequenos produtores e chefs têm sido fundamentais nesse crescimento. Um exemplo é o Projeto Macroalgas, uma parceria entre o SENAC e a EPAGRI, que reúne maricultores da Ilha de Florianópolis, pesquisadores e cozinheiros para cultivar e processar a Kappaphycus alvarezii, uma promissora espécie de cultivo sustentável (SENAC, 2025; EPAGRI, 2024; Algastech, 2024).

Ainda assim, as algas marinhas enfrentam desafios globais. A produção segue concentrada majoritariamente na Ásia, o que gera vulnerabilidades logísticas e climáticas (PMarket Research, 2024). Em países ocidentais, barreiras culturais e sensoriais, como o sabor marcante e a pouca familiaridade com o ingrediente, continuam limitando seu consumo (BBC News Brasil, 2024). Além disso, o avanço global da indústria encontra obstáculos em questões regulatórias: embora existam diretrizes para promover o cultivo, persiste a falta de padronização em certificações, dificultando a expansão sustentável da cadeia produtiva fora dos mercados mais consolidados (Springer,2024).

Apesar desses obstáculos, o avanço é constante. Consideradas um “alimento do futuro” pela Food Connection (2024), as algas se consolidam como uma realidade nutritiva, gastronômica e ecológica, não apenas no Brasil, mas globalmente. Do cultivo sustentável às cozinhas renomadas, estes vegetais marinhos continuam a revelar um mar de possibilidades.
Leitura agradável e informativa👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏