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Algas : Um Mar de Possibilidades

Por Júlia Xavier


As algas marinhas têm atravessado fronteiras, saindo das tradicionais cozinhas japonesas para ocupar novos espaços na gastronomia global. Da Bretanha Francesa a Nova York, passando pelo Chile e Copenhagen, elas são agora ingredientes centrais em criações de restaurantes estrelados, como o Smithereens, o The Alchemist e o Le Coquillage - onde o Chef Hugo Roellinger assina um menu inspirado tanto no mar quanto no jardim. 

Imagem: prato do restaurante Le Coquillage, pelo chef Hugo Roellinger, utilizando a alga Wakame (carnetsvanille).
Imagem: prato do restaurante Le Coquillage, pelo chef Hugo Roellinger, utilizando a alga Wakame (carnetsvanille).

Fora das cozinhas premiadas, esses vegetais aquáticos também conquistaram as prateleiras dos supermercados internacionais, aparecendo em versões inovadoras, como bebidas funcionais, snacks e até balas de goma (National Geographic, 2025). Símbolo de uma culinária cada vez mais consciente, as algas unem saúde e sustentabilidade, como resume o Chef Stephen, do ICE Culinary Institute (2025):  “Elas dão sabor a tudo”.

Imagens: Produtos de algas marinhas (milliesmoss.com, pringles.com, squarespace.com)
Imagens: Produtos de algas marinhas (milliesmoss.com, pringles.com, squarespace.com)

De acordo com reportagens recentes da National Geographic (2025) e do relatório anual de tendências da Whole Foods Market (2025) , as algas são apontadas como um dos alimentos mais promissores do ano. Variedades como wakame, kombu e Spirulina têm conquistado consumidores e ultrapassado fronteiras culturais. O mercado global de algas marinhas movimentou mais de US$ 7 bilhões em 2023 e deve crescer a uma taxa anual superior a 8%, alcançando US$ 16,1 bilhões até 2033, segundo a Allied Market Research (via Globe Newswire, 2024). 

Imagem: alga kelp seca (Getty Images).
Imagem: alga kelp seca (Getty Images).

Essa tendência conecta-se a movimentos maiores da alimentação atual, como a cozinha regenerativa e o consumo consciente. Além de seu apelo nutricional, as algas destacam-se pelo baixíssimo impacto ambiental:  não exigem terra, irrigação doce nem fertilizantes (Food Connection,2024).

Ricas em minerais e nutrientes essenciais, como Ômega 3, potássio, ferro, fibras e antioxidantes, as algas ajudam a regular o colesterol e os níveis de açúcar no sangue, além de promoverem a saúde intestinal. Espécies como musgo do mar e lentilha d’água estão sendo exploradas como alternativas à proteína convencional, embora a sua viabilidade em larga escala seja limitada, pois a quantidade necessária para alcançar níveis significativos de proteína seria impraticável para o consumo diário (Harvard T.H. Chan School of Public Health,2025; Plant Based News, 2025). Mesmo assim, seu apelo no mercado alimentar continua crescente, com especialistas recomendando seu uso equilibrado para potencializar a dieta. 

No Brasil, o movimento também está ganhando força. Em Santa Catarina, a produção de macroalgas cresceu 150% na safra de 2023/2024, impulsionada pela procura por biofertilizantes e novos usos da biomassa. Além disso, projetos que conectam ciência, pequenos produtores e chefs têm sido fundamentais nesse crescimento. Um exemplo é o Projeto Macroalgas, uma parceria entre o SENAC e a EPAGRI, que reúne maricultores da Ilha de Florianópolis, pesquisadores e cozinheiros para cultivar e processar a Kappaphycus alvarezii, uma promissora espécie de cultivo sustentável (SENAC, 2025; EPAGRI, 2024; Algastech, 2024).

Imagem: alga marinha Kappaphycus alvarezii (senac.br).
Imagem: alga marinha Kappaphycus alvarezii (senac.br).

Ainda assim, as algas marinhas enfrentam desafios globais. A produção segue concentrada majoritariamente na Ásia, o que gera vulnerabilidades logísticas e climáticas (PMarket Research, 2024). Em países ocidentais, barreiras culturais e sensoriais, como o sabor marcante e a pouca familiaridade com o ingrediente, continuam limitando seu consumo (BBC News Brasil, 2024). Além disso, o avanço global da indústria encontra obstáculos em questões regulatórias: embora existam diretrizes para promover o cultivo, persiste a falta de padronização em certificações, dificultando a expansão sustentável da cadeia produtiva fora dos mercados mais consolidados (Springer,2024).

Imagem: cultivo de algas marinhas (was.org).
Imagem: cultivo de algas marinhas (was.org).

Apesar desses obstáculos, o avanço é constante. Consideradas um “alimento do futuro” pela Food Connection (2024), as algas se consolidam como uma realidade nutritiva, gastronômica e ecológica, não apenas no Brasil, mas globalmente. Do cultivo sustentável às cozinhas renomadas, estes vegetais marinhos continuam a revelar um mar de possibilidades.







 
 
 

1 Comment


Juliane
Jun 01

Leitura agradável e informativa👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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