Dia Mundial das Abelhas: Como o mel transformou Santa Catarina em destaque mundial
- congressoraizes
- 20 de mai.
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Por Júlia Xavier
Em 20 de maio, o mundo volta sua atenção para um pequeno, porém essencial ser: a abelha. Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data celebra o papel fundamental desses polinizadores na manutenção dos ecossistemas e, indiretamente, na nossa alimentação. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), as abelhas e outros polinizadores são responsáveis por garantir a reprodução de 75% das culturas alimentares e 35% das terras agrícolas do planeta, além de 90% das plantas com flores. Sem elas, os alimentos que compõem nosso cotidiano — frutas, legumes, hortaliças — se tornariam escassos, ameaçando cadeias produtivas inteiras. (FAO 2025; ONU ).
Para 2025, o tema do Dia Mundial das Abelhas, "Bee inspired by nature to nourish us all” (Seja inspirado pela natureza para nos alimentar a todos), reforça o elo entre natureza, agricultura e segurança alimentar, destacando a necessidade de proteger esses polinizadores essenciais para a sustentabilidade global (FAO – Tema 2025).

No Brasil, a biodiversidade é vasta: mais de 1.500 espécies de abelhas, das quais 300 pertencem ao grupo das Meliponas e Trigonas — as abelhas sem ferrão, essenciais para a polinização das matas nativas. Em Santa Catarina, foram identificadas aproximadamente 30 espécies dessas abelhas. Essa diversidade não é apenas preservada, mas também transformada em potência produtiva, consolidando o Estado como referência no setor apícola nacional (Epagri/Ciram). Em 2024, Santa Rosa de Lima, a cerca de 125 km de Florianópolis, foi reconhecida oficialmente como Capital Nacional da Meliponicultura (Senado, 2024).

O Estado é um dos maiores produtores de mel do Brasil, com uma produtividade média de 68 quilos por metro quadrado, superando a média nacional em 63 quilos por metro quadrado. Em 2023, a produção de mel em Santa Catarina alcançou 4.234 toneladas, representando 6,6% da produção brasileira, de acordo com dados da Epagri. Essa produtividade não se deve apenas à quantidade, mas também à qualidade e singularidade dos produtos catarinenses (Epagri 2025 ; Epagri 2021).
O mel de melato de bracatinga, produzido exclusivamente no Planalto Sul do Brasil, é um dos maiores destaques dessa produção. Diferente dos meles florais, esse mel é oriundo da substância açucarada excretada por cochonilhas que se alimentam da seiva da árvore bracatinga. A transformação desse melato em mel é realizada pela Apis Mellifera, uma espécie exótica amplamente utilizada na apicultura comercial. Com cerca de 80% da produção nacional concentrada em municípios catarinenses, Santa Catarina se consolidou como o principal centro de produção do mel de bracatinga no país. Em 2021, o produto recebeu o selo de Indicação Geográfica (IG), um reconhecimento oficial de sua origem e da singularidade do território onde é produzido (Epagri 2021; NSC Total).

Esse padrão de excelência também vem sendo reconhecido internacionalmente. Em 2025, o mel produzido pela Apis Nativa em Araranguá, no sul do estado, foi premiado com a medalha de ouro na categoria "qualidade" no International Honey Awards, realizado em Paris. Essa premiação é uma das mais respeitadas no setor e reforça a reputação do estado como um polo de apicultura de excelência (G1 SC, 2025).

Além de seu valor gastronômico, o mel catarinense tem forte impacto na economia local. Em 2024, as exportações do produto geraram mais de US$ 14,22 milhões, resultado de uma cadeia produtiva estruturada e da atuação conjunta de instituições como a Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), que assegura padrões sanitários e certificações, e a Epagri, que presta assistência técnica e promove boas práticas apícolas. A Cidasc também concede o Selo ARTE, voltado a produtores artesanais que atendem aos critérios técnicos mais exigentes, facilitando a comercialização interestadual do produto. Atualmente, 32 meles catarinenses carregam essa distinção (Cidasc, 2024; Epagri 2025).
O mel catarinense combina tradição, excelência técnica e sustentabilidade. Seu impacto transcende o campo: valoriza a biodiversidade, impulsiona a economia e projeta o Brasil nas agendas globais de gastronomia e meio ambiente. Neste Dia Mundial das Abelhas, fica claro que proteger os polinizadores é também investir em inovação, sabor e futuro.
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