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Inverno: Como o Frio Transforma o Apetite e o Consumo

Por Julia Xavier

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Quando as temperaturas caem, não é apenas o vestuário que muda — os hábitos alimentares também se ajustam. O frio desperta um apetite distinto: mais encorpado, mais afetivo. No Sul do Brasil, onde o inverno costuma ser mais rigoroso, o ano de  2024 foi marcado por ondas de frio e umidade acima da média. Já 2025 apresenta um padrão mais seco, com temperaturas baixas próximas da média histórica (NDMais, 2025). Essas variações influenciam diretamente o consumo alimentar, impactando cardápios, preferências e estratégias comerciais do setor de Food Service.

A explicação para isso é, em parte, fisiológica. Para manter a temperatura corporal estável, o corpo aumenta o gasto energético, o que tende a elevar o apetite - especialmente por alimentos ricos em gordura e carboidratos (GZH, 2021). Segundo a endocrinologista Deborah Beranger, esse comportamento é considerado um mecanismo adaptativo: uma resposta natural ao frio, comum a muitos mamíferos (NSC Total). O consumo de pratos mais calóricos atende à demanda energética, e também à necessidade de preservação térmica.

Mas há também o fator emocional. Dias mais curtos e menos luz solar afetam a produção de serotonina, neurotransmissor ligado ao humor e à saciedade. Essa alteração química impacta diretamente o comportamento alimentar (The Weather Channel, 2025). Em vez de folhas leves e refeições apressadas, buscamos sabores que confortam — não apenas pelo gosto, mas pelo que remetem. A chamada comfort food funciona como um antídoto contra o desconforto térmico e emocional.

No Sul, essa tendência se reflete em pratos como sopas, ensopados, arroz-doce, pinhão na chapa, carnes de panela e massas - alimentos que remetem ao aconchego e momentos de convivência afetiva. Não é coincidência: pesquisas sugerem que alimentos associados a experiências positivas estimulam a liberação de dopamina — neurotransmissor ligado à recompensa e ao prazer. Ao consumir esses pratos, o cérebro responde com uma sensação de conforto e bem-estar. É essa ligação que explica por que certas comidas ganham protagonismo justamente quando o clima esfria (CBT Professionals, 2023). 

Esse movimento sazonal tem reflexos diretos na economia do setor. Restaurantes, cafés e bares se preparam para o inverno com menus sazonais e ingredientes locais. Em Santa Catarina, cogumelos da serra, fondues, queijos maturados e vinhos tintos dominam os cardápios. Entre maio e agosto, as vendas de vinho representam cerca de 40% do total anual, segundo o especialista Diego Bertolini. Já o turismo de inverno no estado impulsiona o consumo e eleva o faturamento dos estabelecimentos locais em até 20%, conforme estudo da Abrasel (Abrasel, 2024).

O fenômeno também atinge o delivery. Uma pesquisa da empresa Gaudium mostrou que os pedidos por aplicativo cresceram 71% no inverno de 2024, em relação ao ano anterior. A comida deixou de ser apenas uma necessidade — tornou-se conforto disponível em poucos cliques (Cenário Minas, 2024).

Mais do que uma escolha racional, comer no inverno é uma resposta instintiva, afetiva e cultural. Compreender a influência do frio sobre o apetite, o conforto emocional e as preferências dos clientes é fundamental para criar menus que atendam à demanda, satisfaçam e fidelizem. Adaptar-se a essa sazonalidade não é apenas necessário — é o diferencial competitivo que define o sucesso no setor gastronômico.


 
 
 

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